MESPR - Movimento de Evolução Social, Político e Religioso

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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

DOM QUIXOTE

“Só queria viver em paz” – SENSITIVISTA.

Dom Quixote em 1989 morava no bairro Leopoldina, em São Paulo, com 3 amigos da pensão da Dª Célia que se uniram para alugar uma casa. Ele tinha se livrado das garras do Imperador, estava num novo emprego – Giannini Violões. Gostava de jogar uma bolinha, pois sempre foi sua diversão, nas quadras de society no Ceasa. Ia às piscinas do Pelezão (clube do Pelé) e no SESI da Leopoldina. Quando menino queria uma piscina só para ele, pois era a maior dificuldade pular o muro das mansões para tomar banho escondido. Pensava em fazer uma faculdade. Fim de semana curtia os bailinhos, e sempre pegava uma gatinha. O Índio, Luizinho e o Gilvan eram mais que amigos, verdadeiros irmãos. Parecia que a vida, de agora em diante, sopraria bons ventos. Mas a infelicidade chegou em forma de um telefonema. Joana D’Arc ligou. Ele ficou surpreso, pois nunca tiveram intimidades apesar de conhecê-la. Ela dizia:

- Oi Edí! Não sei se você está lembrado de mim? Você trabalhou pro meu pai, né? É que eu estou precisando de uma ajuda.

- Mas! Joana, você não está em Santa Catarina?     

- Não, eu estou na Vera. Passa aqui pra gente conversar.
Hoje, Dom Quixote pensa: “nestas horas não deveria existir telefone. A minha amiga Vera tinha-lhe passado o meu número.”

Joana estava de volta. Contou que tinha acabado de fazer um aborto, que os ex-colegas da faculdade ajudaram a pagar. Ela estava morando com a Vera e precisava de alguém pra buscar o seu fusca na casa da ex-sogra em Itapevi (não tenho certeza do lugar). Um lugar terrível, sem nenhuma infra-estrutura, nem descarga no banheiro tinha; só muito barro e poeira. Dom Quixote ficou atônito. Como uma moça que considerava princesa, pelo luxo onde morava, se encontrava numa situação tão deplorável como aquela?

A vida de Dom Quixote mudou da água pro vinho, parecia sina ou praga de mãe mesmo. A Vera acabou expulsando Joana D’Arc do apartamento por ela não aceitar ir contra o pai num processo judicial. A Vera ficou tão revoltada que não queria que ela pegasse nem suas próprias roupas. Até a fechadura do apartamento trocou. Foi preciso o Dom Quixote interceder e dar uma bronca na Vera para resolver a situação. Ele teve que levar Joana D’Arc para sua casa. Como o Gilvan e o Índio estavam para sair, e o Luizinho se casou, não seria tão incomodo; pelo menos provisoriamente.

Os dias se passaram, e algo que era para ser provisório, acabou se tornando permanente. Dom Quixote era inexperiente com mulheres, e além do mais, muito carente devido aos maus-tratos de sua infância. Com o decorrer dos anos vieram as filhas, e o Imperador nunca se manifestou em conhecer estas netas. Joana sofria com a indiferença do pai. Dom Quixote falava para Joana esquecê-lo, pois o mesmo tentou lhe matar, lhe prender e lhe humilhar. E, o mais estranho, ela desejava a morte do pai todo ano que se passava, falava assim: este ano ele vai morrer. Dom Quixote pedia pra ela esquecer isto, esquecer o passado, esquecer este pai filho da puta.

Dom Quixote lutou feito um gigante para tentar dar o máximo de conforto possível para aquela criatura, tão passível de pena e compaixão. Ela fazia lembrar-lhe dos seus anos malditos de infância, quando se tem pai problemático e violento. Ele sofreu muitos maus-tratos e agressões. Na escola era ridicularizado por ser retraído e assustado. Traumas que um desgraçado que não tinha condições psicológicas para ser pai, conseguiu destruir sua auto-estima.

Joana não esquecia sua filha abortada, não esquecia (quem sabe) o seu primeiro amor, não esquecia o seu luxo, a sua riqueza, não esquecia as noites de terror naquela mansão mal assombrada pelo Imperador. A sua fúria, o seu desabafo se manifestava em forma de ataques epiléticos e de histeria. Quantos tegretóis eram precisos para segurar o tsunami de sua depressão; a onda mortal e opressora?

Dom Quixote quase enlouqueceu com suas loucuras, mas conseguia superar com muito trabalho e dedicação. Joana só trabalhou por 3 meses quando foi afastada do serviço por estar grávida da primeira filha. A empresa alegou que ela usou de má fé, não avisando da gravidez. Ela recorreu, e ganhou na Justiça em receber sem trabalhar, por um ano.

A renda mensal do casal mal dava para sobreviver. A cada 6 meses eram obrigados a mudar de casa por conta do reajuste que triplicava o aluguel devido à inflação no ano de 1990. O salário não acompanhava. Quando Joana engravidou pela segunda vez, Dom Quixote pediu aos céus para acertar na loteria. E, não é que conseguiu acertar mesmo, mas ficou riscando cartão a noite toda. A aposta foi alta. Acertou na antiga super-sena que é a atual dupla-sena. Ele só acertou os 5 números, faltou 1 para ganhar hum milhão. Ganhou apenas 10.000,00, onde pagou umas dívidas e deu entrada num terreno em Santo Amaro – Jd. Santo Eduardo.

Dom Quixote trabalhava no Frigorífico Bordon, era vendedor. Fazia o setor de Osasco, e vivia só de comissões. Não existia mínimo de retirada ou ajuda de custo. Junto com o prêmio da sena veio outra coisa boa, a empresa aumentou o seu setor de atuação. Agora fazia de Osasco até Embú-Guaçu, abrangendo Taboão, Embú das Artes, Campo Limpo, Interlagos, Grajaú e Itapecerica. As coisas foram melhorando, e ele conseguiu construir sua casa. Depois, para melhorar mais ainda, a Bordon comprou a Swift, e Dom Quixote ficou sem concorrência. Ele vendia para o varejo, atacado, rede e mega-varejo. Em cinco anos conseguiu uma casa com ponto comercial que fazia de garagem, dois carros, um semi-novo, um terreno em Caieiras, e linha telefônica que naquela época poucos possuíam, no valor de 5.000,00. Suas comissões mensais giravam em torno de 10.000,00 (considerando hoje). Ele teria um futuro brilhante e promissor depois de tantas tempestades ruins e furacões, mas, infelizmente, existia a filha do diabo, do capeta do Imperador.

Dom Quixote tentou negociar com Joana D’Arc uma separação, não agüentava mais suas loucuras e histerias. Ele buscou várias vezes achar uma cura através de psicólogos, igrejas e macumba. Mas nada resolvia para curar aquele espírito perturbador. Ela não melhorava da sua doideira e, procurava dificultar bastante a separação. Queria muita pensão e até fazia ameaças de matar as crianças. Era para não separar mesmo. Dom Quixote estava condenado.

Foram então para o Sul. Lá talvez estivesse a solução para a cura. Dom Quixote pensou que, de repente, num lugar mais calmo, perto de sua família, Joana poderia melhorar. Mas nada disso adiantou, e o clima familiar só fez piorar. Vieram as cobranças dos desafetos do Imperador. Os parentes de Joana começaram a lavar roupa suja. E, com isso, os desentendimentos e as mágoas. Era como se tivesse num barril de pólvora. Muitas acusações das patifarias do Imperador com a mãe e os tios de Joana. Eles só agravaram mais ainda seu estado de espírito. Como se ela fosse culpada de todos os crimes de seu pai.

Com essa tentativa de achar uma solução, Dom Quixote só teve prejuízo. A separação era iminente. Ele queria sumir, fugir daquele pesadelo. Era uma guerra psicológica maldita. Ainda mais, quando ele descobriu a origem do problema. Joana revelou debaixo de muitas lágrimas, com muito sacrifício, o que o crápula do seu pai tinha lhe feito. Ela foi abusada sexualmente pelo canalha desde pequena. Dom Quixote ficou perplexo, tanto pela revelação como também pela omissão deste crime pela Joana durante os 7 longos anos de convivência.

Quando ele foi participar a tia da Joana deste ocorrido, a infeliz desmentiu. Joana foi muito cruel, desgraçada e mercenária. Como uma pessoa pode brincar com uma coisa desta? Dom Quixote começou a analisar: quem ela estava protegendo? o pai; ou ela mesma deste amor doentio? A partir daí ficou mais fácil para ele analisar as coisas. Tudo se encaixava finalmente. Aquela conversa fiada do Imperador a respeito do vendedor de disco ser pobre, depois o próprio Dom Quixote; era tudo desculpas desfarrapadas. Ele queria mesmo era a filha para ser sua amante.

A separação só veio depois de muitas brigas e desentendimentos. D. Quixote foi ameaçado várias vezes por Joana. Ela fazia muita chantagem emocional. Ameaçava até de matar as filhas. Ela teve a capacidade, para não dizer loucura, de jogar o carro contra um muro com as meninas dentro, e depois deu ré pretendendo se jogar num barranco. D. Quixote conseguiu com muito esforço alcançar o volante, e tirar a chave do contato.

Para muitos que não conheceram D. Quixote, ele não era um Merda, como o seu próprio pai o chamava: pedaço de Merda. Dom Quixote não é um Merda, apesar de não ter dinheiro. Ele é um homem trabalhador e honesto. A opinião injusta se forma com a nossa omissão, com a nossa fraqueza, com a inconsciência criada pela manipulação do dinheiro, pela convivência pacífica e tolerante com os imundos e crápulas nojentos de todos os graus e tamanhos. Acusam e julgam descaradamente, forjando as próprias sentenças. Muitos pedem para ele esquecer o passado, mas este é reflexo do presente e do futuro. Como um aleijado vai esquecer aquele que o mutilou?

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Será que é vergonha roubar mas não poder levar?
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Consciência

Fora corrupção.Vamos viver, pelo menos, com decência!!! A formação política dos chilenos, como de todos os hispano-americanos do começo do séc. XIX, era algo de uma ineficiência gritante. Quase que sem transição, viram-se esses povos donos de seus destinos, sem preparo para a difícil tarefa de governar. Surgiram à tona todas as AMBIÇÕES.